domingo, 5 de junho de 2016

Uma garota

Lembro-me de um humano em especifico, esse humano não era uma criança, mas ainda não era um adulto, era uma garota. Às vezes essa garota não conseguia dormir, se perdia em seus medos, revirava na cama, ela era diferente, ela não possuía nenhuma deficiência física, mas alguns na sociedade considerava uma doença mental, alguns pecado, um pecado tão grande quanto assassinato ou coisa pior.
Na verdade a sociedade tinha muitas teorias quanto à diferença que a garota possuía, a garota não se preocupava com o que a sociedade pensava, ela sofria por que quem ela mais amava pensava como a sociedade e quando ela não conseguia dormir, só pensava o quanto eles a iriam odiar. Um dia ela acordou e decidiu que tinha direito de ser feliz, de fazer suas próprias escolhas e seguir sua vida, que só ela era dona do seu destino, por mais duro que ele pudesse ser e ela seguiu, mas manteve o segredo de quem era para as duas pessoas que ela não deveria guardar segredos.
E durante a vida dela, ela passou por muita coisa que queria a opinião e o apoio dos pais, mas ela não podia contar com eles, pois ela mantia o segredo muito bem escondido. Os anos passaram e essa garota passou a ser uma mulher, uma mulher que conservava a meninice da garota, mas ainda assim alguém que tinha uma bagagem grande de maturidade, porem o segredo permanecia e se tornava um peso muito grande para se carregar.
Essa garota sou eu, eu não moro com meus pais desde os dezenove anos de idade, sempre que posso vou visitá-los, mas apesar de sentir alegria por ver meus pais, eu sinto também grande tristeza, eles não sabem quem eu realmente sou, nunca ouviram nenhuma historia engraçada de como eu levava fora das garotas nas baladas, nunca souberam o quanto eu fiquei triste quando tive o coração partido pela primeira vez, não sabem do meu primeiro beijo, do quanto eu estava nervosa. Eu sei que tem muita coisa que eles não iam querer saber, mas algumas todo pai e toda mãe deveriam querer saber.
Às vezes penso que se eu morrer amanhã, eles não conheceriam a pessoa que eles estariam enterrando, apesar de amarem. Eu sei que isso não é justo, mas eu ainda tenho o mesmos medos que aquela adolescente tinha a tantos anos atrás, eu sei que isso é covardia, mas é uma covardia mais cruel comigo do que com qualquer um...

Nenhum comentário:

Postar um comentário